sexta-feira, 14 de junho de 2013

Como entender SUA Mulher


Para se entender uma mulher, você precisa ler Manoel de Barros e saber 
dissertar sobre o cisco, falar com pedra, dominar a arte das miudezas e 
deixar o dia em “condições de boca”.


Ler Guimarães Rosa para inventar 
uma língua que só ela entenda. E Miranda July, claro.


Entender que o local onde você coloca a pimenta no seu hambúrguer faz 
toda a diferença. 
Experimentar e se deliciar com cada sentido e suas possibilidades. 


Estudar música, manjar de ritmo, tocar algum instrumento para entender que mulher se move em outra velocidade.


Você precisa entender que mulher é coisa feita de chuva, vento, fogo, 
mar, areia. De terra. De fruta (mulher se come). De cheiro. De guaraná e Viagra (mulher causa ereção). De céu e Sol (mulher clareia). De nuvem. 
Para se entender uma mulher, é preciso pisar descalço na grama molhada e depois deitar e imaginar seres mais reais que você e eu.


Você precisa entender que mulher não é livro, enigma, mistério, problema matemático, sonho sicanalítico, arquétipo junguiano ou mapa astral. 
Mulher não se interpreta. Mulher não se resolve. Mulher não se lê. Freud, Sherlock Holmes, Fermat e Harold Bloom não a explicam. Se quiser saber, a última coisa que você deve fazer é tentar entender, adivinhar, solucionar ou perguntar.


Talvez ela mesmo não saiba. 

Talvez ela fale algo que não é bem certo. 
Elas não mentem, só alternam verdades 
(é por isso que com mulher se dança).


Para entender uma mulher, você precisa esquecer o que é uma mulher. 
É preciso chamá-la sem antes lhe perguntar o nome. Enxergá-la nua. Sempre. Em vez de adivinhar o desejo dela, oferecer o seu. Antes de entender, antes de ler, é preciso saber escrever uma mulher.


Você precisa entender, para se entender uma mulher, que o sabor da picanha só existe dentro da sua boca, que o som das fugas de Bach só nasce quando chega aos seus ouvidos, que a textura da mesa não tem realidade na ausência do toque. Uma mulher não é nada antes de seu encontro com coisas, seres e mundos. Então, para ver o feminino lá fora, é preciso atuar aí dentro. Agir. Para fazer nascer uma mulher, é preciso ser homem.



Para entender uma mulher, enfim, você precisa fazê-la SUAR, digo, fazê-la SUA MULHER.

Texto de: Gustavo Gitti  (www.nao2nao1.com.br)

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